Começo esse
história afirmando com todas as letras que sou totalmente contra ao machismo. A
palavra violência doméstica deveria ser extinta juntamente com esse ato
maligno. Mas que também não generalizo. Sei que nem todos os homens são iguais,
e que espero que os bons se tornem maioria um dia.
Não sei em
quantas partes ela será dividida. Depende do quanto a minha memória vai ajudar,
e quanto tempo e estruturas terei para escrever sobre esse assunto aqui. Antes
que perguntem por qual motivo decidi falar sobre isso, já fazia um tempo que
vinha pensando em escrever, queria achar uma forma menos chocante ou triste.
Mas há vezes em que temos que relatar a história do jeito que ela é. Sem
maquiagem.
“Desconheço
a data e local em que Amália nasceu. Só sei que foi no interior do Rio Grande
do Sul, creio que lá pelas bandas de Pelotas, onde faz um frio de arrepiar
qualquer espinha. A vida era difícil naquela época. Se hoje em dia estamos em
crise, imagina no tempo em que não havia nem eletricidade. Os pais davam duro
para criar os filhos apesar de qualquer coisa. Amália tinha era de uma família relativamente
grande.
Quando criança ajudava em casa, cuidava dos primos, era uma menina com
personalidade forte, e até mesmo um pouco teimosa. Os anos passaram, Amália
cresceu e se apaixonou por Humberto – mas pode chamá-lo de Beto -. Não deu
muito tempo depois e eles se casaram. Aos pouquinhos foram adquirindo pequenas
coisinhas, de grão em grão arrumaram uma casinha pra morar. Até que o que já
era esperado aconteceu: Amália engravidou. A felicidade tomou conta da família,
uma nova geração estava a caminho. Nove meses depois nasceu Ana Cláudia. Pele
clarinha, um verdadeiro anjinho que cabia em um braço. Virou o xodó da casa, e
apesar das dificuldades os três conseguiam viver de maneira razoável. Até que
Humberto começou com uns goles, e quando viu estava bebendo todos os dias.
Amália tentava controlá-lo, mas havia vezes que ele ficava agressivo, então ela
preferia cuidar da Ana Cláudia. Quando a pequeninha estava com dois anos, eis
que veio uma surpresa: Amália engravidou novamente. Naquela época era normal as
famílias terem vários filhos, então nove meses depois nasceu a Ana Carolina.
Assim que nasceu todos diziam que era a cara do pai, Humberto. Foi uma alegria
só. Porém Humberto ia ficando mais vulnerável a bebida. Às vezes gastava tudo
que tinha no bar, voltava aos trancos pra casa, para o desespero de Amália que
tinha duas crianças pequenas pra sustentar. Então eles resolveram mudar para
Porto Alegre. A vida deveria ser melhor, e assim talvez Humberto esquecesse
essa maldita bebida. Então ele começou trabalhar na rede ferroviária, enquanto
Amália abriu uma lanchonete perto de casa.
As meninas já haviam crescido um
pouco e ela precisava trabalhar. Adorava comércio e cozinhar, então uniu o útil
ao agradável. Ana Carolina estava com quase quatro anos quando soube que teria
outra irmãzinha. Sim, mesmo com a vida difícil, a família aumentou. E Humberto
apesar de todos os defeitos, nunca deixava faltar nada em casa. E nove meses
depois veio a Dora. Era o xerox da sua irmã caçula e de seu pai.
A vida seguiu
e infelizmente Humberto não conseguia abandonar o maldito vício. Começou a
fazer inúmeras dívidas, arrumou diversas brigas e quando retornava em casa, era
um verdadeiro inferno para Amália e as meninas que ainda não entendiam direito
aquelas brigas e gritos.
Havia dias em que tudo era perfeito, Humberto ficava
semanas sem colocar um gole de álcool na boca, e nesses dias Amália tinha esperanças
que tudo melhoraria, mas era só ele ter uma recaída para tudo desabar outra
vez, pois ele ficava cada dia mais agressivo e até ameaçava bater nela.”
CONTINUA
História
baseada em fatos reais. Mas fica a meu critério mudar ou alterar alguns fatos.
Nomes trocados.
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