Cansada.
De repetir
sempre as mesmas palavras. De expor os mesmos e sempre novos motivos. De todos
os dias dar murros em ponta de faca. De todo esse desamor e desse infinito
desgaste que me corrói todos os dias.
Saio por aí,
trabalho, estudo, me divirto, e escrevo. Mas meus pensamentos sempre voltam
para o mesmo lugar. Para a mesma pessoa. Não sei até que ponto alguém consegue aguentar
tantas brigas, tantas palavras ditas em tom irônico que fere mais do que bala
de calibre 38.
Mais uma vez
estou aqui de novo. Com a cara inchada. Pelo mesmo motivo. Com aquele cansaço
mental. Pelo mesmo motivo. A beira de um colapso emocional. Adivinhem. Pelo
mesmo motivo. Escrevendo. Afinal depois de esgotar todo meu estoque de palavras
e gritos que ainda ecoam na minha cabeça, só me resta escrever.
Não sei
quanto disso é culpa minha. Eu só nasci. E há gente que diz que eu era muito
esperada. Muito amada. Que seria uma princesa de tanto amor e proteção.
Confesso que de certa forma foi assim. Porém não é fácil para uma mãe ser pai
também. Proteger. Jogar bola. Levar pra festas. Ensinar. Abraçar. E estar
sempre sozinha nas minhas formaturas, apresentações e festinhas comemorativas.
Nunca me
perguntaram o que achava e acho disso tudo. Vamos viver assim, e está tudo bem,
isso é perfeitamente normal. Mas pra falar a verdade, eu não acho isso normal,
e tem vezes que me corrói por dentro. Conviver com um estranho que eu
ironicamente tenho o mesmo sangue, mas que nunca – e repito, nunca – fez o seu
papel biológico é um pouco atordoante.
Mas com
quase vinte anos, já aprendi que dia dos pais também pode ser o dia da minha
mãe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário