Há muita coisa fora do lugar, e simplesmente eu não estou
mais conseguindo controlar.
Todos os dias eu acordo com a esperança de conseguir encarar
a vida de frente, sem medo e sem desabar, mas não consigo ser forte e
ultimamente qualquer coisa me derruba.
Só queria uma vida normal, uma lar de verdade com a minha
mãe, um fim de tarde tomando chimarrão, queria ter um lugar pra voltar e queria
ter motivos pra voltar pra casa.
Cheguei na fase mais crítica até agora: saio de manhã sem
motivos, e volto pra casa sem motivos.
Aquelas infinitas brigas com quem deveria me tratar como uma
princesa se transformaram numa absurda relação de mágoas, falta de respeito e
desamor.
Tento absorver apenas as coisas boas, mas o problema é que
as ruins estão se superando e inevitavelmente me sinto frágil e sozinha.
Aquelas amigas que eu achava que seriam pra sempre agora
também tem seus compromissos e o afastamento vira rotina, a saudade sempre
adiada e agora me encontro abandonada, só querendo algo diferente, uma festa ou
passar o dia na rua fazendo algo realmente empolgante.
Sou meio dramática, eu sei, mas o momento requer muito drama
mesmo, esse ano está sendo tudo muito complicado e corrido, e não consigo
gostar disso.
Talvez o mais difícil e revoltante seja eu tentar fazer tudo
da melhor forma possível, e ainda sim não ter o verdadeiro reconhecimento.
Mesmo que eu saiba que estou fazendo o certo, é difícil não ter incentivos.
Vejo que essa crise interna está me afetando de uma forma
tão horrível quando consto que estou ficando sem inspirações até pra escrever.
Acho que esse é o limite. Escrever pra mim é a única forma que encontro para
ser um pouquinho feliz e livre, e se não consigo mais fazer isso não sei aonde
tudo isso vai parar.
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