Sempre fui de fazer e organizar as coisas do meu jeito, sempre
fui meio apegada a coisas velhas e minhas, mas minhas por estarem exatamente do
meu gosto, exatamente sob medida. Nunca achei que eu poderia sentir tanta falta
de algo material quanto estou sentindo agora. Se você não gosta de pessoas
apegadas e meio depressivas, pare de ler esse texto agora, pois não irei falar
de borboletas no campo voando livres, ou algo do tipo. Irei falar sobre meu
atual estado de espírito, sobre meu atual sentimento.
Desapegar. Coincidentemente ou não, vinha lendo muito essa
palavra na internet, nos muros, nos jornais e até na tv. Sempre me achei uma
pessoa desprovida de ambições ruins e apegada a coisas materiais e fúteis.
Porém, apego é uma coisa e necessidade é outra e talvez pior.
“Nossa, como essa guria é dramática e fútil, e imatura” –
sei que você está pensando isso. E realmente eu concordo. Afinal com tantos
problemas piores que eu tenho, por que ficar me lamentando por algo material
que pode ser substituído? Nem eu sei.
Mas fico lembrando que demorei seis meses para arrumá-lo do
meu jeito, organizá-lo, e deixar a minha cara. Minhas fotos, minhas músicas, minhas
redes sociais e meus aplicativos não existem mais. Ta, até existem alguns deles
ainda, mas não do meu jeito, não do meu gosto.
“Essa guria ainda ta chorando porque está sem celular? Que ridícula”
– sei que você está falando isso baixinho nesse momento. E eu realmente
concordo. Mas, infelizmente não consigo evitar a falta que isso está me
fazendo. Eu nunca tive algo tão legal e comprado com meu dinheiro sabe, fruto
do meu esforço. É, praticamente minha vida social estava aquele aparelhinho que
cabia na minha mão.
“Realmente ela é mais imatura do que eu pensava” – sei que
você está pensando isso. E realmente eu concordo. As vezes eu mesmo não
acredito que estou sentindo isso, mas é incontrolável, ele era meu companheiro,
meu passatempo. Ele era tudo que eu precisava, todas as informações, todas as
noticias e novidades que eu precisava saber, eu encontrava lá. Até para me
comunicar com as pessoas ele era espetacular.
E agora olho pro ladinho da minha mesa onde ele ficava, e
não o vejo. Sério, da uma dor no coração, eu era viciada mesmo.
Por que justo eu? Por que justo ele? Não sei. Eu só queria
ele e tudo nele de volta.
“Socorro, que guria chata e apegada. Não acredito nisso, que
pessoa materialista” – sei que você está pensando isso exatamente agora. E
realmente eu concordo. Porém só pra estar no meu lugar pra saber o que estou
sentindo.
Mas se for pensar bem, estava demorando demais para
acontecer algo ruim assim comigo, afinal a sorte passa bem longe dos meus dias.
É, até eu me acostumar e me desapegar vai demorar um bom tempo, mas a vida não é
justa. E realmente eu concordo.
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