Acho que eu sempre vou viver em uma briga interna com o tempo.
Sempre vou querer que ele ande mais devagar, que ele volte para eu refazer
coisas e desfazer outras. Sempre vou querer pular para a parte boa da minha
vida, onde sou mais feliz e mais viva. Não consigo controlar essa minha mania
(ou até mesmo loucura) de querer ser um relógio para fazer o meu tempo.
Uma vez li uma frase que me marcou, e mesmo após tantos anos
ainda me lembro dela como se fosse ontem.
“O tempo passa, mesmo quando isso parece impossível. Mesmo
quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de
sangue passando por uma ferida. Ele passa desigual e em estranhos solavancos,
levando a calmaria embora. Mas ele passa, mesmo pra mim.”
Não há nada que eu queira mais do que controlar o tempo.
Voltar a me abrigar em um abraço que salva minha vida. Voltar para o paraíso de
verão. Voltar para as manhãs acordando ao lado do meu namorado. Voltar para os
finais de tarde tomando chimarrão e comendo pipoca com a minha mãe na nossa
antiga casa. Voltar para quando eu tinha um lar. Voltar para quando eu tinha
meus amigos por perto todas as manhãs. Voltar para os shows com as minhas
amigas onde fui mais feliz. Voltar para São Paulo. Voltar para minhas tardes
livres. Voltar para os dias em que tive meu celular. Voltar para as noites na
casa da Vó Glê. Voltar para as loucuras com o pessoal do ensino médio. Voltar
para o passeio de formatura da oitava série. Voltar para praia com a gurizada.
Voltar pras festas com as minhas amigas. Voltar para quando eu tinha mais esperança
de que tudo iria melhorar.
Sei que algumas coisas são passageiras e acontecem apenas
para nos deixar uma lembrança gostosa, mas quem dera tudo isso voltasse e junto
trouxesse a calmaria de uma vida boa, e bem aproveitada. Quem dera.
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