Dói por
tudo. E dói mais ainda por nada. Dói ter que viver datas especiais com um
estranho, dói na hora de desejar feliz aniversário e não sentir nada. Dói
bancar algo que não somos pras pessoas de fora que nos conhecem pouco – porque
os íntimos sabem -. Dói ter que me sentir acuada onde eu deveria ter a maior
paz interior. Dói por todas as brigas e gritos, dói por todas as ofensas e
mágoas, dói por cada objeto quebrado e por todo o desgaste vivido. Dói por não
ter em quem confiar, dói por não poder contar meu dia pra alguém, dói por cada
tristeza em que eu tive abraço, dói por cada medo que eu não tive proteção, dói
por cada dúvida que eu não pude compartilhar, dói por cada erro que eu não pude
contar. Dói todos os dias, e mais ainda todas as noites quando volto e deito a
cabeça no travesseiro. Dói por cada noite de sono que perdi, dói por cada carta
que escrevi, dói por cada bandeira branca que levantei, dói por cada almoço que
estive sozinha, dói por cada jantar que não existiu, dói por cada corrente que
me foi colocada para que eu não pudesse realizar meu sonho constante, dói por cada
porta batida, dói por cada lágrima escorrida, dói por tudo que nunca fomos e
dói mais ainda pelo que nunca iremos ser.
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