Quem me viu
alguns anos atrás jamais imaginaria no que eu me tornaria. Aquela menina
vidrada em programas na TV, que só comia porcarias o dia inteiro, que só tirava
notas altas no colégio e que era mais do que alegre, era brilhantemente do seu
jeito bravo e gostava de imaginar seu futuro.
Hoje sou
alguém bem diferente. Alguém sem tempo. Não acompanho novelas, séries, nem nada
do gênero. Vivo com pressa e com sono, driblando o mau humor e tentando não
deixar a preguiça me dominar. Enquanto tomo meus cafés com leite, escrevo e às
vezes acho uma porcaria. Deleto tudo. Reescrevo. E assim vai.
Há dias em
que só queria voltar pra época em que eu tinha tempo para não fazer nada.
Outras vezes acho que eu só perdia tempo, e no pior dos meus dias acho que
estou perdendo tempo no presente, tipo hoje, tipo ontem, tipo nos últimos meses.
Às vezes
gosto dessa vida. Pois pensando pelo lado bom das coisas já sou adulta e faço o
que eu quiser, posso matar aula e ir pra um barzinho ou comer sushi. Mas não
mãe, não vou chegar tarde, não me espera acordada. E posso passar o final de
semana na rua, me divertindo. Ah, e daí que são quase meio dia? Me deixa
dormir. E daí que já é quase domingo, eu quero continuar dormindo. O que? Já é
segunda?
A verdade é
que as coisas são e permanecerão assim por um bom tempo ainda. Tenho que
aceitar. Às vezes gosto. Às vezes odeio. Por isso minha vida se resume em
buscar o equilíbrio. E você, o que você busca?
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