Ela já havia passado de todas as fases. Já tinha vivido
noites na casa da melhor amiga comendo brigadeiro e papeando sobre meninos que
as magoaram, já havia passado noites que pareciam não ter fim nas baladas com
essa mesma amiga, já tinha se machucado com paixões que ela na época julgava
amores, ela já havia tido todas as crises de solidão, já tinha passado daquela
vida de indiadas e saídas incansáveis. A única coisa que ela ainda amava e não
abria mão era dançar a noite toda. Deixava a música e a batida entrarem na sua
alma e preencherem todo vazio que havia nela, e que a transportavam para um
mundo só dela.
Foi então que algo aconteceu e mudou todo o rumo de uma
história que parecia já estar traçada. Ela se apaixonou. E não só isso, ela se
encantou de uma maneira louca que nem ela sabia explicar. Tentou remar contra a
correnteza, mas era perca de tempo, o coração dela já havia sido contaminado
pelo amor.
Ela encontrou alguém por quem ela se reapaixona todos os
dias, alguém que a completa e cuida. E hoje em dia um ano após o início disso
tudo ela só sente uma saudade: dançar a noite toda. Afinal tudo muda quando se
começa um relacionamento com alguém, é preciso abrir mão de algumas coisas, dar
prioridade a outras, fora que quanto mais amadurecemos mais responsabilidades e
compromissos nós ganhamos, e falta tempo e até um pouco de ânimo para virar as
noites na pista.
Ela entende que a vida é assim, escolhas com renúncias, e
conforme o tempo voa mais coisas acontecem e algumas vão ficando para trás. Ela
se encanta e se decepciona com as pessoas o tempo todo.
Mas ela é iluminada, e tem fé que um dia as coisas vão ser
bem melhores e que ela irá voltar a dançar até o mundo acabar.
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