Em momentos complicados e em crises, é que percebemos o
quanto precisamos de pessoas em nossa volta. Precisamos de amor, carinho,
atenção, cuidados.
É em momentos difíceis que abrimos os olhos e damos valores
para pequenos detalhes que antes nos passavam despercebidos, é na saudade que
nos arrependemos de não termos dado o devido valor a pessoas e gestos singelos.
Para quem não tem nada o pouco já é muito, para quem não tem
um porto seguro qualquer ilha já é um suporte, para quem não tem uma família sólida
e o devido amor qualquer amizade verdadeira já é o tesouro mais precioso.
Nos últimos tempos andei em crises que pareciam não ter fim,
vivi brigando comigo mesma por motivos que não são culpa minha, eu queria mudar
minha vida e o mundo com um piscar de olhos, sempre reneguei minha realidade e
sempre isolei todas as verdades que eu nunca quis contar, nunca quis expor.
Mas cheguei em uma fase que a palavra de ordem é aceitação.
Aceitar. Aceitar que minha vida é complicada e não posso julgar meus pais nem
botar a culpa neles. Aceitar que bens materiais são coisas que não me
pertencem. Aceitar que vida de gente grande é corrida mesmo e não posso lutar
contra o relógio, afinal ele nunca para. Aceitar que algumas pessoas vão me
decepcionar e me abandonar, mesmo até aquelas que eu achava que seriam pra
sempre. Aceitar que nem todos meus sonhos vão se realizar. Aceitar que a vida
se renova todas as manhãs. Aceitar que eu tenho que fazer de tudo por mim, e
pelo meu bem estar, porque as pessoas nem sempre vão me ajudar. Aceitar que meu
nome é apenas um nome, e quase nunca ele fará sentido. Aceitar que nasci para
não me dar bem com algumas pessoas. Aceitar que a vida é simplesmente normal,
sem glamour. Aceitar que tenho uma perna levemente torta. Aceitar que minha
pele nunca será igual as das modelos de comerciais de creme facial. Aceitar que
sou viciada em celular e redes sociais. Aceitar que nunca acharei um vestido de
primavera/verão que combine comigo. Aceitar que não tenho mais paciência para
ver desenhos. Aceitar que não sou mais tão baladeira quanto antes. Aceitar que
a magia de algumas coisas acabam. Aceitar que não sou fotogênica. Aceitar que
algumas coisas simplesmente não vão dar certo pra mim.
Aceitar. Apenas aceitar.
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