No ensino fundamental
ela era aquela que vivia rodeada de pessoas – que julgava amigos – e sempre
tinha uma ideia absurdamente criativa e boa, muitos queriam fazer parte do
grupinho dela, porém a quantidade de pessoas que não gostavam dela era alta.
No ensino
médio as coisas mudaram, ela já não vivia rodeada de pessoas assim, e amigos
dava pra contar nos dedos. Não tinha pessoas que não gostavam dela, afinal em
meio a tanta gente ela passava quase que despercebida. Isso só mudou no último
ano do ensino médio, que foi quando ela encontrou algumas pessoas que valem a
pena ter consigo até hoje.
Depois disso
ela foi ficando invisível. Já não tinha mais ideias mega criativas, já não provocava
mais inveja em ninguém, e sobraram poucos dedos pra contar os poucos amigos.
Aos poucos ela foi se transformando e aquela menina que gargalhava de tudo deu
lugar a uma pessoa mal humorada. Começou a evitar exposições desnecessárias, se
afastou de muita gente, fez escolhas forçadas que não faziam parte da sua
vontade e o café tornou-se seu companheiro diário. Entre um gole e outro, ela
questiona todas essas voltas que o mundo dá.
Nunca
conseguiu se entender e entender as pessoas a seu redor, mas de uma coisa ela
sabe: se enganou muito e com muita gente, infelizmente. Talvez de tanto se
decepcionar ela começou a não acreditar mais em ninguém, e evitar aproximações virou
rotina na vida dela. Parou de demonstrar tanto afeto, parou de correr atrás de
quem só fugia dela, cortou laços vitais em sua vida, hoje convive com as cicatrizes
e com essas perdas, e não consegue dizer o que machuca mais.
Daquele
brilho que possuía, hoje não existe mais nada. Só sobraram cinzas, páginas
preto e branco e aquele cheiro insuportável de mofo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário