quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Ficar bem.

Cansada.

De repetir sempre as mesmas palavras. De expor os mesmos e sempre novos motivos. De todos os dias dar murros em ponta de faca. De todo esse desamor e desse infinito desgaste que me corrói todos os dias.

Saio por aí, trabalho, estudo, me divirto, e escrevo. Mas meus pensamentos sempre voltam para o mesmo lugar. Para a mesma pessoa. Não sei até que ponto alguém consegue aguentar tantas brigas, tantas palavras ditas em tom irônico que fere mais do que bala de calibre 38.

Mais uma vez estou aqui de novo. Com a cara inchada. Pelo mesmo motivo. Com aquele cansaço mental. Pelo mesmo motivo. A beira de um colapso emocional. Adivinhem. Pelo mesmo motivo. Escrevendo. Afinal depois de esgotar todo meu estoque de palavras e gritos que ainda ecoam na minha cabeça, só me resta escrever.

Não sei quanto disso é culpa minha. Eu só nasci. E há gente que diz que eu era muito esperada. Muito amada. Que seria uma princesa de tanto amor e proteção. Confesso que de certa forma foi assim. Porém não é fácil para uma mãe ser pai também. Proteger. Jogar bola. Levar pra festas. Ensinar. Abraçar. E estar sempre sozinha nas minhas formaturas, apresentações e festinhas comemorativas.

Nunca me perguntaram o que achava e acho disso tudo. Vamos viver assim, e está tudo bem, isso é perfeitamente normal. Mas pra falar a verdade, eu não acho isso normal, e tem vezes que me corrói por dentro. Conviver com um estranho que eu ironicamente tenho o mesmo sangue, mas que nunca – e repito, nunca – fez o seu papel biológico é um pouco atordoante.


Mas com quase vinte anos, já aprendi que dia dos pais também pode ser o dia da minha mãe.

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