Última semana com dezoito anos. Ainda não sei bem como me
sentir em relação a isso, só sei que os anos voaram, e me encontro aqui vivendo
uma vida de adulta desde os dezessete anos. Trabalhando e estudando. Cansada
quase sempre, mas com uma esperança de dias melhores maior que tudo.
Parece que foi ontem, que eu tinha quatorze anos, estava no
ensino fundamental idealizando essa idade agora. Fazendo planos, criando
histórias na minha cabeça, idealizando milhões de coisas que uma cabeça
mirabolante de uma adolescente pode fazer.
Confesso que a vida que levo hoje é muito diferente da que
eu imaginava, muito mais séria e com a razão sendo a base de tudo. Pensar e
depois agir. Esse é o meu lema de adulta.
Sempre quis dizer que sou adulta, que tenho meu próprio dinheiro,
que faço as minhas escolhas e que arco com as minhas responsabilidades. Mas
não. A única parte que é verdade é que sou adulta, porque dinheiro parece que
some toda vez que eu recebo meu salário, e fazer minhas escolhas? Nem sei o que
é isso. Vivo seguindo regras e dentro de limites ridículos. Por que eu não
mudo? Também não sei.
Mas não estou aqui para textos tristes ou draminhas típicos de
Vitória, estou aqui para dizer que esses (quase) dezenove me trouxeram muita
coisa boa. Aprendi muito, ri muito, chorei muito. Realizei sonhos, conheci
muita gente, conheci muitos lugares. Caí, levantei, aprendi que não é qualquer
um que posso chamar de amigo, que muitas pessoas vão me julgar por atos mínimos,
que não posso fraquejar mesmo estando em crise.
Antes eu não queria ficar mais velha, mas agora realmente
faz sentido quando dizem que quanto mais a gente cresce, mais amadurece. Sem
dúvida alguma, sou muito diferente daquela de quatorze anos.
Que esses dezenove que estão batendo na porta, venham para
me renovar. Renovar minha paz, minha alma, meus sonhos. Renovar minha força e
saúde. Não faço planos nem crio expectativas de nada, deixar a vida acontecer é
meu lema nos últimos tempos. Porém que seja doce, que seja calmo.