sexta-feira, 17 de julho de 2015

Começo esse história afirmando com todas as letras que sou totalmente contra ao machismo. A palavra violência doméstica deveria ser extinta juntamente com esse ato maligno. Mas que também não generalizo. Sei que nem todos os homens são iguais, e que espero que os bons se tornem maioria um dia.

Não sei em quantas partes ela será dividida. Depende do quanto a minha memória vai ajudar, e quanto tempo e estruturas terei para escrever sobre esse assunto aqui. Antes que perguntem por qual motivo decidi falar sobre isso, já fazia um tempo que vinha pensando em escrever, queria achar uma forma menos chocante ou triste. Mas há vezes em que temos que relatar a história do jeito que ela é. Sem maquiagem.


“Desconheço a data e local em que Amália nasceu. Só sei que foi no interior do Rio Grande do Sul, creio que lá pelas bandas de Pelotas, onde faz um frio de arrepiar qualquer espinha. A vida era difícil naquela época. Se hoje em dia estamos em crise, imagina no tempo em que não havia nem eletricidade. Os pais davam duro para criar os filhos apesar de qualquer coisa. Amália tinha era de uma família relativamente grande. 
Quando criança ajudava em casa, cuidava dos primos, era uma menina com personalidade forte, e até mesmo um pouco teimosa. Os anos passaram, Amália cresceu e se apaixonou por Humberto – mas pode chamá-lo de Beto -. Não deu muito tempo depois e eles se casaram. Aos pouquinhos foram adquirindo pequenas coisinhas, de grão em grão arrumaram uma casinha pra morar. Até que o que já era esperado aconteceu: Amália engravidou. A felicidade tomou conta da família, uma nova geração estava a caminho. Nove meses depois nasceu Ana Cláudia. Pele clarinha, um verdadeiro anjinho que cabia em um braço. Virou o xodó da casa, e apesar das dificuldades os três conseguiam viver de maneira razoável. Até que Humberto começou com uns goles, e quando viu estava bebendo todos os dias. Amália tentava controlá-lo, mas havia vezes que ele ficava agressivo, então ela preferia cuidar da Ana Cláudia. Quando a pequeninha estava com dois anos, eis que veio uma surpresa: Amália engravidou novamente. Naquela época era normal as famílias terem vários filhos, então nove meses depois nasceu a Ana Carolina. Assim que nasceu todos diziam que era a cara do pai, Humberto. Foi uma alegria só. Porém Humberto ia ficando mais vulnerável a bebida. Às vezes gastava tudo que tinha no bar, voltava aos trancos pra casa, para o desespero de Amália que tinha duas crianças pequenas pra sustentar. Então eles resolveram mudar para Porto Alegre. A vida deveria ser melhor, e assim talvez Humberto esquecesse essa maldita bebida. Então ele começou trabalhar na rede ferroviária, enquanto Amália abriu uma lanchonete perto de casa. 
As meninas já haviam crescido um pouco e ela precisava trabalhar. Adorava comércio e cozinhar, então uniu o útil ao agradável. Ana Carolina estava com quase quatro anos quando soube que teria outra irmãzinha. Sim, mesmo com a vida difícil, a família aumentou. E Humberto apesar de todos os defeitos, nunca deixava faltar nada em casa. E nove meses depois veio a Dora. Era o xerox da sua irmã caçula e de seu pai. 
A vida seguiu e infelizmente Humberto não conseguia abandonar o maldito vício. Começou a fazer inúmeras dívidas, arrumou diversas brigas e quando retornava em casa, era um verdadeiro inferno para Amália e as meninas que ainda não entendiam direito aquelas brigas e gritos. 
Havia dias em que tudo era perfeito, Humberto ficava semanas sem colocar um gole de álcool na boca, e nesses dias Amália tinha esperanças que tudo melhoraria, mas era só ele ter uma recaída para tudo desabar outra vez, pois ele ficava cada dia mais agressivo e até ameaçava bater nela.”


CONTINUA



História baseada em fatos reais. Mas fica a meu critério mudar ou alterar alguns fatos. Nomes trocados. 

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