terça-feira, 8 de julho de 2014

Só mais uma vez.

Incrível como minha memória pode ser tão infalível para certas lembranças. Consigo lembrar os fatos e de como os escrevi para o esboço do tal livro que nunca saiu das páginas digitalizadas do meu computador.

Terça Feira, 03 de março de 2009.
O despertador toca e imediatamente meus olhos se arregalam, igual quando a gente leva um susto daqueles de arrepiar a espinha. Finalmente havia chegado o primeiro dia de aula. As férias pareciam não ter fim. Mas, aquele dia não era só o primeiro dia de aula, era também o primeiro dia do fim, e isso veio na minha mente assim que coloquei o pé pra fora da cama, mas assim que cheguei naquele colégio que vivi por sete anos da minha vida, esse pensamento foi deixado um pouco de lado. A euforia de rever o pessoal não cabia em mim. Sempre fui meio durona, implicava com quase todo mundo da sala nos anos anteriores, mas parece que todas as desavenças haviam sumido para mim, e eu só queria aproveitar aquele último ano com todo mundo.
O assunto principal daquele primeiro último dia de aula foi a formatura, fecho os olhos e ainda consigo lembrar de começarmos a conversa civilizadamente, mas no final já haviam gritos e xingamentos. Opiniões diferentes não poderiam ter uma comunhão.
Nem preciso dizer que nem teve aula naquele dia né? A conversa se estendeu até o fim da manhã, afinal muitas dúvidas e nenhuma certeza. Só sabíamos que queríamos uma formatura decente, como raramente havia acontecido nos anos anteriores. Queríamos deixar nossa marca, queríamos que lembrassem de nós não só pela bagunça – que não era e nunca foi pouca – nas aulas.
Então decidimos que um grupo por dia venderia lanches no recreio e cada aluno que quisesse fazer formatura deveria pagar uma mensalidade de dez reais por mês.
Cheguei em casa e apenas uma palavra me aterrorizava: fim.
Para alguns isso não tinha a mínima importância, mas para mim era o fim de tudo. Fim de oito anos, fim de amizades – que eu julgava sólidas -, fim de uma convivência com colegas e professores que me completava e não me deixava sozinha.
Mas quanto mais eu queria esquecer que tudo acabaria em questão de tempo mais eu lembrava e mais isso me deixava assustada. Saber que dentro de alguns dias meu porto seguro, meu refúgio –sim, eu amava as segundas-feiras, amava ir pro colégio, era confortante saber que depois de milhões de brigas com meu pai em casa, eu dormiria e iria noutro dia me alegrar e esquecer (nem que fosse por umas horas) dos meus problemas -  não seria mais tão seguro assim. 

Continua.





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