quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Perdi tanta coisa nesses sete últimos anos. Abdiquei de momentos que toda adolescente sonha. Minhas coisas preferidas ainda estão jogadas em qualquer lugar enchendo de poeira. Nunca falei abertamente sobre esse assunto. É algo muito doloroso. Me desfiz de todo meu quarto, da minha privacidade. Fui tirada da minha vida e das minhas coisas sem nem ter direito de escolha.
O quarto novinho em folha deve ter virado grãos de poeira, os bibelôs devem ter sido consumidos pelas teias de aranha. As lembranças, as memórias, tudo ficou lá, junto com a minha vida.
Queimei tantas etapas da minha vida que me perdi no meio dela. Não vivi todas as coisas que toda garota normal deveria viver, e me sinto meio esquisita sempre que me dou por conta que o tempo perdido não vai voltar.
Precocemente eu virei adulta, com responsabilidades indevidas e descabidas para minha idade, e nunca tive a chance de reverter essa história. Todas as noites durante uns três anos seguidos, eu me imaginava da minha vida de volta. E como seria bom. Me sentia a mais feliz. Até acordar. Me via naquela realidade ridícula e perdia as esperanças de ter tudo aquilo novamente.
Aí que drama essa guria de novo enchendo o saco. Aposto meus cílios que você deve estar pensando isso. Até pode ser uma tempestade imensa num copo d’água, mas eu realmente não desejo isso nem para a pessoa mais detestável do universo.
Queria que tudo fosse diferente, mas agora só cabe a minha lutar por isso. A minha reserva de forças está no negativo. Minha cabeça só gira gira gira e não encontra um lugar para se afirmar. Às vezes me sinto meio desprotegida lutando contra a correnteza sem a certeza de que vou conseguir escapar.




Só uma frase ecoa agora: “Reescrever a história, transformar dor em glória.”                   


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