Passo a maior parte do meu tempo
livre imaginando e idealizando minha vida, meu futuro, minhas escolhas e
opiniões. Por um segundo eu gostaria de realizar todos os meus desejos mais
secretos e inalcançáveis. A vida é engraçada. Ou talvez eu que veja muita graça
nas coisas.
Queria que tudo fosse diferente
sabe, queria voltar uns anos atrás e interferir nas escolhas dos meus pais, e consequentemente
mudar nosso futuro que na verdade seria o nosso presente agora. Seria ótimo
mesmo, mas infelizmente não tenho o poder de controlar o tempo.
Queria também poder fazer por eles o
que eles não conseguiram fazer por mim, mas um instante depois eu lembro de
tudo que já passei pelas escolhas deles e perco a sensibilidade e bondade de
uma filha boa.
Passei muito tempo me lamentando por
tudo, até em que chegou o dia em que eu finalmente percebi que agora não
adianta nada se martirizar. Eu odeio tudo isso, sim. Odeio saber que as coisas
não são como deveriam ser, mas e daí? Isso vai mudar alguma coisa? É, acho que
não.
Virei adulta. E agora não posso mais
insistir em decisões que não dependem de mim. Chegou a hora de recomeçar.
Chegou a hora de ir atrás do que eu tanto almejo. Chegou a hora. E ninguém vai
me parar agora.
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